Sr Director (Notícias-Magazine; faça-se ouvir):
A Câmara Municipal de Lisboa decidiu hoje encomendar ao escultor João Cutileiro o monumento ao 25 de Abril, a erigir algures no parque Eduardo VII. Os vereadores da oposição contestaram o modo como a encomenda foi decidida (aparentemente João Soares escolheu o artista e o PS e PC aprovaram; muito fácil).
A Câmara Municipal de Lisboa decidiu hoje encomendar ao escultor João Cutileiro o monumento ao 25 de Abril, a erigir algures no parque Eduardo VII. Os vereadores da oposição contestaram o modo como a encomenda foi decidida (aparentemente João Soares escolheu o artista e o PS e PC aprovaram; muito fácil).
Ao lado, a "obra", crismada de Pila do Cutileiro, inaugurada anos depois.
Da discussão entre vereadores, a televisão passou uma pequena sequência em que Rui Godinho argumenta que não se trata de uma obra qualquer, mas de uma obra de arte e que a arte é incompatível com concursos públicos. Só não caí da cadeira, porque já conheço os nossos políticos de gingeira, já vi de tudo um pouco (até já vi a Zézinha Nogueira Pinto a dançar de roda, ao som da canção é o bicho, é o bicho...) de modo que já não me espanto fàcilmente.
Será que o Engº Rui Godinho nunca se apercebeu de concursos para monumentos, estátuas, edifícios, praças, etc, abertos a artistas (e muitas vezes a todos nós, cidadãos comuns)? Os trabalhos (desenhos, memórias descritivas, maquetas) são apreciados por um juri, aos melhores são atribuídas menções honrosas, e ao melhor de todos é encomendado o trabalho. A obra pode ter uma parte de construção civil (posta a concurso, como tal) e uma ou várias peças de arte (estatuária, etc) de que se ocupa o artista ganhador.
Estarei a falar de coisas estranhas? Não é esta a forma habitual e desejável de proceder? É claro que se eu quisesse uma estátua lá para casa, era bem capaz de a encomendar ao João Cutileiro (uma peça baratinha, claro). Mas tratando-se de uma obra pública (isto é, feita com dinheiros públicos), não teria cabimento entregar o trabalho a um artista em detrimento dos outros, sem que todos tivessem podido apresentar as suas propostas.
Este procedimento deixa o Presidente da Câmara e a maioria que o suporta na incómoda posição de serem suspeitos de favorecer amigos.
É que, ainda por cima, o João Cutileiro não é pròpriamente de direita...
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