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Sr Director (Público):
Permita-me que volte à carta do Sr Prof Meira Soares, publicada na edição do passado dia 28. Parece-me meritório que o Professor venha a terreiro, expondo o seu prestígio pessoal, da Cátedra e do cargo de Reitor que vem exercendo há alguns anos. Enternece-me sempre a visão do pastor brandindo o cajado em defesa das suas ovelhas, perante a alcateia que os ameaça.
Acontece que o Professor Meira Soares não está defender um rebanho de ternas ovelhinhas. Está a defender o trabalho (neste caso, um erro) de uma Comissão que superintende provas que regulam o acesso a instituições que terão a seu cargo parte importante da formação dos nossos filhos. Não pode haver, pois, lugar a enternecimento, mas a indignação!
O prestígio das instituições não se defende negando e escondendo os seus erros, mas reconhecendo-os, corrigindo-os e compensando de forma adequada quem foi prejudicado pela sua ocorrência. O Professor não está, afinal, a fazer mais do que seguir os maus exemplos do ministro Dias (Manel) Loureiro, que tanto tem prestigiado a Polícia...
Na sua rica argumentação, o Professor Meira Soares mobiliza em defesa da prova de Geometria Descritiva o facto de muitos alunos não terem sequer passado do seu início (so, what? perguntaria, e muito bem, o meu filho, de 13 anos).
O argumento para mim mais difícil de compreender (penso ter percebido, passe a imodéstia, mas tenho ainda dúvidas) diz respeito aos critérios usados pelo júri, muito claramente (?!) expressos nos princípios orientadores, que não resisto a transcrever:
“Ao critério da performance, relativo às acções definidas com rigor num contexto pré-determinado, sobrepõe-se o critério da competência, que pressupõe a disponibilidade para a realização de várias acções em contextos diferentes, pondo a tónica nas qualidades intelectuais (aptidões, operações mentais, conceitos...) e nas potencialidades da sua evolução”
A única conclusão que consigo tirar é que a Comissão Nacional de Provas Específicas esteve desde Maio a redigir textos herméticos e pretensiosos, em vez de elaborar, avaliar, escolher, afinar, testar e produzir provas específicas capazes.
Permita-se, sr Director, que dedique ao Professor Meira Soares, mais à douta Comissão a que preside, um poema consentâneo com a prosa de que tanto parecem gostar:
Há no hipotético hípico tanto de típico e exótico
Como de túrgido e óptico no pirotécnico lípido!
Nas virações aquáticas das represálias magnéticas
Existem ondas sintéticas infinitamente estáticas.
Daqui, resulta um mito que pode causar a morte
Lá para os confins do Norte, donde se divisa o Infinito...
Como diria uma amiga minha: “não se percebe nada, mas é tãããão lindo!”
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