quarta-feira, 1 de abril de 2009

OPINIÃO 95-96 - Dívidas dos Clubes III

Sr Director (PÚBLICO):

Confirmando (desta vez, pelo menos) que não há fumo sem fogo, o governo acaba de arranjar maneira de os clubes de futebol pagarem as dívidas ao fisco e à Segurança Social, sem desembolsarem um tostão e sem deixarem de viver acima das suas possibilidades.

As verbas do Totobola passarão a ir na totalidade para os clubes, em detrimento da Santa Casa da Misericórdia. Ferro Rodrigues dizia, durante o fim de semana, que “qualquer que seja a fórmula de resolver o problema dos clubes de futebol, nunca será feita à custa da Santa Casa da Misericórdia...”

O Ministro Jorge Coelho dizia, no rescaldo da assinatura do protocolo com a Liga e a Federação, que isto é a moralização total do futebol profissional, e que nenhuma organização de solidariedade social receberá um tostão a menos do que recebia. Insistia, por outro lado, que os clubes pagarão a totalidade das dívidas, não havendo qualquer perdão.

Finalmente o Secretário de Estado dos futebóis e afins veio a terreiro para dizer que a Santa Casa da Misericórdia será devidamente indemnizada, para compensar a perda de receita do Totobola. Finalmente percebi a engenharia financeira (complicadíssima!) da coisa. É assim:

1. Os clubes nada têm a pagar das verbas de que indevidamente se apropriaram, e continuam a embolsar 50% dos dinheiros do Totobola;

2. O Estado retira com a mão direita os restantes 50% entrega-os (com a esquerda) ao Fisco, até as dívidas estarem saldadas;

3. De uma rubrica qualquer dos confins do OGE, o estado retira uns dinheiritos e entrega-os à Santa Casa da Misericórdia que, desse modo, não fica prejudicada.

Fazendo a soma algébrica disto tudo, duas parcelas anulam-se e resta uma única: o Estado retira do OGE as verbas necessárias para repor as receitas de IVA, IRS e contribuições para a Segurança Social indevidamente apropriadas e gastas pelos clubes. Tudo o mais é camuflagem.

O Ministro Coelho está nìtidamente a fazer de nós parvos!

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