segunda-feira, 13 de abril de 2009

OPINIÃO 95-96 - IPO, Flores & Jantaradas

Ao Notícias Magazine - “Faça-se ouvir”

A facilidade com que os Governos gastam os dinheiros extorquidos pelo fisco ao pacato cidadão, sem nos darem cavaco e sem grandes preocupações de rigor e parcimónia na sua utilização, deixa-me (confesso!) perplexo. E mais perplexo fico, quando dinheiro que o cidadão deu em peditório para fins altruístas, é utilizado, descontraìdamente, para outros fins.

A senhora Ministra da Saúde diz, com o seu habitual ar blasé, que não se põe em causa o modo como foram gastos 1250 contos (em jantares, MBAs, etc), por ter sido gasta em flores uma pequena fatia de 23 contos. E pergunta, como se o entrevistador estivesse a dizer um disparate, “é isso que está a pôr em causa, os 23 contos?”. Eu perguntaria à senhora Ministra:

1. Será que quem contribuiu para os peditórios da Liga Portuguesa contra o Cancro estava consciente de que estava a ajudar a pagar arranjos florais para jantares de despedida?

2. Será que os peditórios são para recolher fundos para jantares (ou almoços) de despedida da Administradora Delegada do IPO?

3. Será que a Liga Portuguesa contra o Cancro considera que custear o MBA de um gestor público é uma despesa de formação médica ou de investigação da cura do cancro? Será que o MBA do gestor irá melhorar a qualidade dos serviços médicos prestados aos doentes, ou aumentar as suas probabilidades de cura?

4. Do orçamento de 300.000 contos da Liga será que 5.520 contos são gastos em flores, não para alegrar as enfermarias, mas as mesas dos jantares de despedida dos gestores do IPO? Se a Ministra acha irrelevante gastar 23 contos em 1250, é só fazer a proporção ...

5. Será que a Ministra não se incomoda que uns milhõezitos do orçamento do Ministério da Saúde sejam mal gastos, desde que as restantes centenas de milhão o não sejam? Ou a lógica dos 23 contos não é válida, neste caso?

6. Será que o ditado “Homem pequenino ou é velhaco ou é dançarino” também se aplica às mulheres?

Suspeito que a Ministra Maria de Belém não sabe dançar (ió!)... para além de ter estranhos conceitos sobre gestão de dinheiros públicos.

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