sábado, 25 de abril de 2009

OPINIÃO 95-96, Faz que anda mas não anda


Sr Director (PÚBLICO):

No número de hoje (30/3) a coluna “Semana política” assinala a vitória de Joaquim Furtado no seu braço de ferro com a Presidente do CA da RTP. Manuela Morgado figura também nessa rubrica como uma das personalidades derrotadas da semana. Parece-me uma classificação justíssima, já que desde há algum tempo transpirava para o domínio público um clima de confronto crescente entre a Administração (mandatada pelo Governo para fazer o saneamento das contas da empresa) e a Direcção de Informação e Programas (representando o status quo da casa).

Parece-me lamentável este desenlace, pois sugere que o Governo não tem uma posição firme sobre o saneamento da RTP. Será que não esperava que Manuela Morgado fizesse ondas e encarasse o cargo como uma sinecura (um tacho, para falar claro)? Ou será que o Governo esperava que uma empresa cheia de vícios (ou serão conquistas dos trabalhadores?) não resistisse tenazmente a todas as medidas de controlo, ou que conduzissem a apertos de cinto, numa primeira fase, e a reduções de efectivos na seguinte?

Aparentemente, o Governo pretende continuar alegremente a injectar o dinheiro de todos nós numa empresa falida que, supostamente, presta um serviço público. Só que a RTP concorre com as privadas a quem disputa audiências e uma fatia do mercado publicitário, sem com elas repartir os proventos que lhe advêm da prestação do tal serviço público (cujos contornos são bastantes nebulosos). A concorrência é manifestamente desleal!

A nova Administração teve, neste incidente, uma indicação clara do que o Governo PS espera dela, e que vale mais que um punhado de directivas. A sua missão pode sintetizar-se numa simples frase:

FAZ QUE ANDA, MAS NÃO ANDA.

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