domingo, 26 de abril de 2009

OPINIÃO 95-96 - Ai os números...

Sr Director (Independente):


Na revista VIDA, suplemento do Indy, do passado sábado, a rubrica INFORMAÇÕES INÚTEIS informava que o país mais populoso da África negra é o Zaire.

Permita-me que refira que tal informação, para além de inútil, é incorrecta, a menos que o vosso conceito de África Negra seja diferente do meu. Se assim fôr, é possível que a Nigéria não pertença à África Negra e então, o Zaire será mesmo o seu país mais populoso (os etíopes são mais numerosos, mas não são tão escuros...).

É que a Nigéria tem mais do dobro da população do Zaire, negros na sua esmagadora maioria. Lembro-me que no início dos anos sessenta, antes da explosão demográfica e do advento das grandes concentrações urbanas, Ibadan era considerada o maior centro populacional da África negra [1]. Ora Ibadan fica precisamente na Nigéria.

Por favor, corrijam o erro.

Acho muito mal que uma publicação com a qualidade do Indy (não perco um número há mais de quatro anos) se dê ao luxo de imprimir bacoradas que induzem em erro muito boa gente que não tem informação para as reconhecer como tal.

Recordo que há uns meses largos me abespinhei com o Sr Sousa Jamba [2] quando afirmava que com Boutros Ghali, a ONU é, pela primeira vez, dirigida por um não branco. Esquecia-se de U Thant , ou, simplesmente, desconhecia tal personagem.

Lamentàvelmente, o Indy nunca fez a devida correcção, o que é mau.

. . . .

NOTA:

[1] Leopoldville era um pálido embrião do que viria a ser Kinshasa, Lagos não ultrapassara ainda Ibadan, e o Cairo, se bem que fosse já a mais populosa cidade de África, fica fora da África Negra.


[2] Um não-ignorante emplumado, da UNITA, que acompanhou o Muata até ao fim. Devia estar distraído porque não é nada provável que desconhecesse a existência de U Thant.

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