O número do primeiro domingo de Setembro do Notícias Magazine trazia uma curiosa entrevista com a D. Kiki Espírito Santo, intitulado “Em defesa das tias”. [A foto ao lado, da Caras, é muito mais recente que o texto].
A D. Kiki apresentou-se como uma senhora formidável que se porta lindamente nas festas e que é tia, porque é mesmo tia (presumo que quererá dizer que tem sobrinhos).
Fiquei a saber que dantes tinha dois meses de férias (que bom!) e que há pouco tempo foi num cruzeiro à Grécia e à Turquia, a convite do dono do barco (se bem percebi), e que isso foi a coisa mais fantástica que fez. O paquete também era fantástico como fantásticas eram as paisagens.
A D. Kiki gosta muito da Quinta do Lago, cuja praia é fantástica. A Quinta é linda, mas não fantástica (pelo menos não mereceu este adjectivo) e nela a D. Kiki está só no meio de gente de que gosta (o que deve ser fantástico, digo eu, contagiado pelo adjectivar fácil da entrevistada).
Mais adiante ficamos a saber que a companhia ideal para as férias desta tia não são os sobrinhos, mas o Papa.
O Papa, D. Kiki?! espanto-me eu, de boca aberta, imaginando o decrépito ancião a tomar “o chá das tias” com senhoras formidáveis que se portam lindamente, e que falam com ele as férias todas.
Por outro lado, referindo-se ao Álvaro Cunhal, a D. Kiki “importava-se horrorosamente de conhecer esse homem”, receosa, porque ele lhe “podia logo estragar umas férias”.
Sobre a sua graça, a D. Kiki diz que não gosta nada, nem um pouco, de ser Kiki, acha horroroso! Dantes detestava o nome, mas agora já gosta. A propósito, D. Adriana Freire, saiba que a D. Kiki é Ignácia e não Inácia (nada de confusões).
Quanto a bebidas, a eleita é a água do Luso, em pequenos goles, porque lhe custa muito beber. A atestar a sua modesta preferência, exibe uma garrafa de água do Cruzeiro na foto que ilustra tão mundana reportagem. Apreciando detidamente a foto, vemos uma mulher lindíssima, ainda jovem (30 a 35 anos), com um olhar zombeteiro e tendo na mão uma garrafa de litro e meio contendo um líquido transparente, provàvelmente água do Luso. A garrafa tem esse tamanho familiar, certamente porque os sobrinhos, de quando em vez, chegam da praia fantástica, afogueados, mortos de sede, e a tia não lhes pode faltar com a águinha do Cruzeiro (quando não há do Luso, claro).
E pronto, resta referir que a D. Kiki não se sente completamente realizada e que nunca fica satisfeita com o que faz.
Mas afinal, vendo bem, a reportagem não explica o que é que esta tia faz na vida.
Aparentemente, para levar a vidaça que leva, basta-lhe portar-se lindamente, e dar-se com senhoras formidáveis.
E tudo o que precisa, chega-lhe por obra e graça do ... Espírito Santo.
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