Sr Director (PÚBLICO):
Nos últimos tempos tem-se vindo a agravar a questão dos ciganos de Oleiros, tendo-se chegado a um impasse aparentemente difícil de ultrapassar.
Vejamos:
- A população quer que os ciganos se mudem;
- Os ciganos (que estão num terreno propriedade, se bem percebi, do chefe da comunidade) aceitam mudar-se desde que lhes comprem o terreno por um preço aceitável e lhes facultem outro local para se instalarem;
- Ambas as condições foram satisfeitas, só que a população da vilória para onde os ciganos se iam mudar não os aceitou (e manifestou-o de forma viva);
- Os ciganos rumaram de novo a Oleiros.
- A população de Oleiros, residentes e emigrantes em férias, mantem-se mobilizada para conseguir a saída dos ciganos.
- Nesta história toda, onde é que raio entram as autoridades, os autarcas, o poder central (todos pagos por nós e alguns, mais ou menos indirectamente, enviesadamente, eleitos por nós)?
A resposta é simples: não entram, pura e simplesmente!
Parece-me que só a total inoperância das forças policiais (neste caso, a GNR) e a incompetência de quem governa permitiram que um simples problema de tráfico de droga, praticado nas imediações do acampamento cigano, tenha levado a população, num crescendo, a tentar impedir o tráfico, cortando o acesso ao acampamento, e acabado por exigir a saída dos ciganos.
Ora, não obstante os indícios em contrário, estamos (ainda) num estado de direito. As pessoas não podem ser expulsas do local onde vivem, mesmo que vivam de um modo que desagrade os seus vizinhos. Há instâncias próprias para resolver os diferendos.
Parece-me que só a total inoperância das forças policiais (neste caso, a GNR) e a incompetência de quem governa permitiram que um simples problema de tráfico de droga, praticado nas imediações do acampamento cigano, tenha levado a população, num crescendo, a tentar impedir o tráfico, cortando o acesso ao acampamento, e acabado por exigir a saída dos ciganos.
Ora, não obstante os indícios em contrário, estamos (ainda) num estado de direito. As pessoas não podem ser expulsas do local onde vivem, mesmo que vivam de um modo que desagrade os seus vizinhos. Há instâncias próprias para resolver os diferendos.
Por outro lado, as pessoas não podem ser impedidas de se estabelecerem onde muito bem entenderem, desde que o façam respeitando as leis vigentes.
Serão as populações de Oleiros e da outra terreola que rejeitou os ciganos constituídas por perigosos racistas, empenhados em manter a pureza da raça lusitana (refiro-me à humana, não à cavalar)?
Serão as populações de Oleiros e da outra terreola que rejeitou os ciganos constituídas por perigosos racistas, empenhados em manter a pureza da raça lusitana (refiro-me à humana, não à cavalar)?
Não me parece; de qualquer modo só poderia chegar a uma conclusão sobre motivações racistas se não houvesse outra bem mais terra a terra: a população relaciona directamente o acampamento cigano com o tráfico de droga (parece que com razão) e não tem a mínima confiança na GNR (ocupada, certamente, com outras actividades...).
Essa ilustre corporação não fez cessar o corropio de consumidores, “drogadinhos” e revendedores que animava as noites nas imediações do acampamento cigano de Oleiros. Essa ilustre corporação não irá, certamente, obstar a que esse corropio acompanhe a “comunidade de hábitos nómadas” que vive, se bem me lembro, de negócios de cavalos feitos... em Espanha.
Cabe ao Governo, pago por nós e (mais ou menos) eleito por nós, garantir que a vida em sociedade funcione harmoniosamente, que os diferendos sejam resolvidos antes de degenerarem em conflitos, que ninguém seja prejudicado por pertencer a uma minoria, que todos cumpram as leis e que as leis sejam aplicadas de igual forma para todos.
Quando tudo isto suceder, e os cidadãos de Oleiros continuarem a exigir a saída dos ciganos, então (e só então!) deveremos chamar-lhes racistas.
Essa ilustre corporação não fez cessar o corropio de consumidores, “drogadinhos” e revendedores que animava as noites nas imediações do acampamento cigano de Oleiros. Essa ilustre corporação não irá, certamente, obstar a que esse corropio acompanhe a “comunidade de hábitos nómadas” que vive, se bem me lembro, de negócios de cavalos feitos... em Espanha.
Cabe ao Governo, pago por nós e (mais ou menos) eleito por nós, garantir que a vida em sociedade funcione harmoniosamente, que os diferendos sejam resolvidos antes de degenerarem em conflitos, que ninguém seja prejudicado por pertencer a uma minoria, que todos cumpram as leis e que as leis sejam aplicadas de igual forma para todos.
Quando tudo isto suceder, e os cidadãos de Oleiros continuarem a exigir a saída dos ciganos, então (e só então!) deveremos chamar-lhes racistas.
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NOTA:
Esta questão foi, desde o início, gerida pelo Governador Civil de Braga, um tal Pedro Vasconcelos, como questão de racismo da população de Oleiros contra os ciganos que só vendiam droga para comer, se é que isso da droga não era um caviloso boato posto a circular pelos "brancos". Vejam o que se diz aqui sobre o assunto.
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