Sr Director (INDEPENDENTE)[1]:
A edição do passado sábado, dia 11, da VIDA trazia um artigo intitulado MATAR SAUDADES, no qual antigos militares contavam histórias da guerra e teciam considerações sobre vários temas ligados a ela. Lendo em diagonal, parecem as histórias habituais: as saudades de África, a camaradagem, o grande amor que os pretos nos dedicavam, condimentadas com a prosápia própria dos Comandos.
Lendo com mais atenção, surpreendo-me com histórias de operações em que as ordens eram para matar toda a gente, em que os intervenientes mataram uma mulher com um filho de colo “porque não havia alternativa”, outra em que mataram as mulheres e crianças que haviam trazido para o quartel, porque a meio da noite “as crianças começaram num berreiro, as mulheres aos gritos”.
Em ambos os casos foram mortes a sangue frio, dificilmente explicáveis à luz de uma lógica de guerra, e absolutamente reprováveis numa guerra subversiva, em que o objectivo é a conquista das populações.
Sem ser um teórico da guerra, Marcelo Caetano, em carta a Kaulza de Arriaga, sintetizou de forma feliz qual deveria ser o comportamento da tropa face à população: “interessa mais conquistar o coração dos vivos do que cortar cabeças aos mortos.”
O que este artigo tem de inovador (e de chocante) é que nos confronta com uma associação legalmente constituída onde se narram crimes de guerra na maior das calmas e cujo presidente, Sr Capitão Gonçalves, parece desconhecer que as guerras têm mesmo regras, que Portugal reconheceu, ao assinar a Convenção de Genebra. Matar turras (ou homens identificados como tal...) é uma coisa; matar civis (e as mulheres e crianças eram-no certamente) é um crime de guerra.
Em África, como na Europa.
Sobre Wiryamu, o Sr Capitão Gonçalves sugere que a matança se processou no cumprimento de ordens correntes de “aniquilar para não ser aniquilado”. Será que as mulheres e crianças estavam armadas e ameaçavam aniquilar os soldados da 6ª companhia de Comandos? Parece pouco provável. Os testemunhos do Capitão D. Francisco Van Uden (na foto à direita, com o primo) e do Coronel Jaime Neves sugerem precisamente que se terá tratado de um incidente fortuito (infelizmente não foi o único) que não devia ter acontecido. Não se enquadrava no padrão de actuação dos Comandos, e muito menos da generalidade da tropa portuguesa em Moçambique.
As ordens que a tropa recebia sobre o modo de tratar a população civil (não só as mulheres e crianças como também os homens) eram muito claras e excluíam quaisquer maus tratos, coacção ou violência. Não pertenci a nenhuma tropa de intervenção (servi no Norte de Angola numa unidade de quadrícula), mas não acredito que os comandos, páras e fuzos, tivessem ordens para matar mulheres e crianças.
Dispenso-me de comentar as considerações que os entrevistados tecem sobre os temas habituais, caros ao Comando. Limito-me a duvidar da pureza de militares, de um lado e do outro, que fazem a guerra nos moldes que os intervenientes relatam, sem moral, sem regras, escudando-se atrás das ordens “dos superiores” ou “dos generais” e atirando as culpas para os políticos.
Limito-me a recordar que puros são os havanos...
. . . . .
NOTA:
[1] Publicado no suplemento VIDA do Independente de 97.01.18
Para um tipo que nem sentiu nos tímpanos o choque do rebentamento de uma mina nem cheirou o ar pesado de pó e fumo e sangue e merda, fala com muita ligeireza de uma tropa de elite que, manifestamente não compreende e despreza.
ResponderEliminarA ignorância é muito temerária!
Depreendo das palavras do sr Anónimo que, tal como o sr Capitão Gonçalves, também acha que os casos que refiro não são assassinatos a sangue frio.
ResponderEliminarDepreendo também que para opinar sobre esses assassinatos e outros quejandos é preciso ter andado com uma canhota a matar pretos e a sentir o cheiro do sangue no capim...
O sr Anónimo fique com a sua experiência de guerra (tem?) que fiquei muito satisfeito por nunca ter tido esse tipo de vivência.
E olhe que nem sequer me baldei, veja lá...
Para que conste, não tenho qualquer desprezo pelos Comandos. Tenho desprezo, isso sim, por tipos que à sombra da farda, comandos ou tropa macaca, e desculpando-se com "ordens dos superiores" mataram a sangue frio prisioneiro, incluindo mulheres e crianças.
Por esses, meu car Anónimo, nutro o mais sentido desprezo!
E você?
Só um complemento à minha resposta ao meu barato Anónimo: tenho muito respeito por pessoas que, tendo cometido atrocidades (crimes de guerra), reconhecem que os cometeram e isso pesa-lhes na consciência.
ResponderEliminarTenho muito, muito respeito pelo comandante da 6ª companhia de comandos, capitão Antonino, salvo erro, que voltou a Wiryiamu para se conforntar com os seus fantasmas, com os sobreviventes e descendentes das vítimas e lhes pedir, humildemente, desculpa. Que mais poderia ter feito?
Quem, nos Comandos, TEM MAIS TOMATES que ele?!
Vai-te catar...seu merdas. Falas assim porque nunca lá estiveste. Mais respeito pede-se...
ResponderEliminarAnónimo cobarde.
ResponderEliminarPelos vistos estás com os que assassinaram e se orgulham disso.
Também tens um frasquinho com orelhas?!
kjhiojiojiokjkjknkjn
ResponderEliminareste correia tem a mania que é maluco...vir para aqui provocar as pessaoas com cosas destas
ResponderEliminarOlha, olha! Os meus amigos cobardes anónimos, que se escondem à sombra dos Comandos, continuam a destilar veneno e despeito.
ResponderEliminarSerá que estes cobardes (não dão a cara, defendem o assassinato a sangue frio de mulheres e crianças, são o quê?...), não percebem que quem envergonha e insulta os Comandos são eles e não eu?!
Indiquei o Capitão Antonino como uma pessoa por quem tenho muito, muito respeito e que nos Comandos ninguém tem mais tomates que ele (voltou a Wiryiamu desarmado e de cara lavada).
O tarado do Anónimo pede-me para ter mais respeito.
Será analfabeto!
Só pode...
Pelos vistos, não se tendo baldado o Correia terá pouca experiência operacional(se é que alguma). Mulheres e crianças a meio da noite chorando e berrando delatam a presença dos captores. Ninguém carrega mais peso na consciência do que quem cometeu tais actos. Sr. Correia, informe-se antes de proferir disparates sem nexo.
ResponderEliminarpassei aqui por acaso e o que vejo é mau de mais para ser verdade, insultos e mais insultos a completar juízos de valor sobre matéria de comentários que diga-se em abono da verdade, não dignifica ninguém.
ResponderEliminarHá por aí muita boa gente que, por parvoíce ou vaidade, dizem barbaridades sem sequer pesar o peso da responsabilidade de tais "factos".
Fiz operações com Comandos em Moçambique e também fui Comando em mais dois países e por isso sei do que falo.
Nunca vi um tropa Comando ter comportamentos tão desajustados como os por aqui relatados, antes pelo contrário, vi sim, sempre um grande profissionalismo nas suas actuações tudo o resto é balela para animar a malta, havia quem dissesse que eles eram ou são malucos, mas de malucos não têm nada.
É possível que no momento do ataque a uma base IN, local onde para além dos guerrilheiros armados havia por vezes população civil, debaixo daquela tensão houvesse uma bala extraviada que ferisse ou matasse algum civil ou até alguma morteirada destinada a cortar a fuga dos guerrilheiro, acertasse no alvo errado, mas isso são meros acidentes e nunca um objectivo.
Por favor, falem apenas do que sabem e não alimentem especulações gratuitas, para nos prejudicar já bastam os nossos inimigos.
Fui Alferes comando em Angola e poucas histórias tenho para contar ( felizmente...). Uma vez ferimos com gravidade e capturámos um guerrilheiro.Imediatamente decidi que seria socorrido e tratado como qualquer um de nós, o que permitiu que as hemorragias fossem estancadas e ele ficasse com forças para caminhar no mato durante três dias até à recolha do nosso grupo. O comportamento dos soldados foi exemplar no apoio ao ferido, por quem todos ficaram a nutrir alguma simpatia e carinho.
ResponderEliminarNa guerra podem sempre ocorrer excessos, mas estes devem-se quase sempre a má formação humana de quem comanda. Nesse aspecto os Comandos não são diferentes das outras forças. Mas a formação mais cuidada e profissional leva a que normalmente sejam mais atentos, humanos e respeitadores da vida. O que acontece muito é que nesses convívios de ex-comandos os mais gabarolas nem sequer foram comandos, mas sim soldados ligados às estruturas de apoio, como condutores, cozinheiros e outros.
Ordens não se discutem, cumprem-se, aqui o executante não tem responsabilidade moral, a ordem veio de oficiais superiores que estão bem identificados e nunca foram culpabilizados por envolver gente graúda, esses sim tem toda a responsabilidade, oficiais superiores sem vergonha que no fim quando a m.e.r.d.a veio ao cimo andaram a assobiar para o ar a por a culpa para cima da 6ªCCM e do seu alferes, ainda por cima tiveram a cobardia de para calar a 6ªCCM organizaram em conjunto com o in uma emboscada para matar toda a 6ª CCM.
ResponderEliminarSaúdo António Lopez e Duarte, comandos que aqui dão o seu testemunho contra os "camaradas" que, com um par de copos à frente, desfiam um monte de "aventuras" em que justificam assassinatos e massacres de civis com o maior das calmas que lhes dá a certeza da impunidade.
ResponderEliminarComo tenho dito e escrito, esses comportamentos não eram apanágio dos Comandos (nem da tropa "macaca") e foram atos de exceção, determinados por circunstâncias fortuitas em combate ou na iminência dele ou ... atos criminosos de quem se aproveitou da impunidade.
Obrigado, Duarte, obrigado, Lopez.
Amigo Lobão, olhe que a estória do seu colega capitão Gonçalves é de que as mulheres e crianças foran levadas para o quartel (para o QUARTEL, ok?). Não estavam no meio da mata onde o choro e gritos poderia alertar o IN, denunciando a posição das NT.
ResponderEliminarNo quartel, o choro das crianças e os gritos das mulheres (por que gritariam elas?...) incomodou os nossos "bravos" que lhes limparam o sebo.
O amigo Lobão (é o Lobão que andou comigo na Academia Militar?) acha bem?
Eu acho mal, muito mal...
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarO Anónino de 1 de Novembro 2012 aflora uma estória que era muito bom que se aprofundasse. O alferes Antonino, quando foi encarregado de voltar a Wiryiamu dias depois para fazer o cover up terá sido convidado a ir desarmado por aquela área estar limpa (mau conselho que ele não seguiu). Os helis deixaram-nos no local mas não não os recolheram - como estava combinado e é o habitual. Tiveram que voltar pela picada onde foram convenientemente emboscados - valeu-lhes estarem armados e, muito provavelmente, muito desconfiados...
ResponderEliminarEra muito interessante sabermos qual o papel do chefe da secção da Pide/DGS, o famoso Chico Cachavi ou Chico Feio, morto em sua casa, em Tete, no ano seguinte, pela Frelimo. Afinal parece ter sido ele que transformou a operação de recolha e concentração da população num massacre.
temos alguns pormenores nestes temas de alguem ke dramatiza a guerra ke de facto existiu mas na verdade citando acui muitas mulheres e criancas morrerao as maos dos soldados portugueses no entanto tambem a kem ezajeram por vezes contam apenas historias enventadas para se mostrar importantes e no final nunca deram um tiro chamo a esses tipos hirois da caserna eu fui soldado comando pertenci a 36 companhia de comandos 5 grupo do alferes vicente ribeiro ano de 72 a 74 na minha comicao vi muito fiz muitas operacoeis umas correram bem outras mal no entanto nao fui hiroi mas passei mas bocados mesmo assim gostei desta experiencia um abraco amigo do correia
ResponderEliminarnao comento ,mas correia quizer encontrarsse comigo posso darlhe a ver algumas fotos e talvez darlhe tambem alguma informaçao sobre comandos .eu fiz mais operaçoes no mato de que qualquer dos meus irmaos comandos pois eu era do 2ºgrupo mas por ser o guarda costas do comandante ia mais vezes ao mato ,porque ele ia com rodos os grupos..ex.sr correia pessolhe que nao deturpe o que oue porque isso é mau...afinal o sr esteve em angola e so foi porque quis e se tir noite ou dia o sr. mata tudo o que visse com medo de morrer ,isso eu aposto ..se vc nao quizesse matar tinha fugido e nao ia para angola ,,,por issi deixesse de moral por tambem vc nao a tem ,,,,.......obg e tente nao se meter no que nao conhece..
ResponderEliminarcomandojesus42@gmail.com-----------para o sr. correia----------eu antonio jesus guarda costas do comandante cunha lopes
ResponderEliminarHuummm, vejo que este tema teve desenvolvimentos desde a última vez que lhe "mexi" em fins de 2012! Vou entrar em contacto com o António Jesus (que dá o nome e o e-mail) e ver se dali vem alguma informação que me esclareça sobre os méritos de matar mulheres e crianças na segurança e quietude do quartel. Estou opara ver!
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