Sr Director (Público):
Confesso-me perplexo com a falta de elevação que tem caracterizado a campanha eleitoral (incluo nela a pré campanha, já que pouco ou nada de substancial as distingue). Em particular, a argumentação base da campanha do Prof Cavaco (experiência governativa anterior) parece-me pouco relevante como critério para encontrar um bom Presidente, quer para o sucesso da campanha.
O Prof Cavaco parece ter uma visão estritamente carreirista da política, a ponto de apresentar como principal requisito de um candidato a Presidente da República a experiência governativa anterior (de preferência como Primeiro Ministro); a principal virtude de um candidato a Primeiro Ministro seria a experiência governativa anterior (de preferência como Ministro) e, assim sucessivamente.
O Prof Cavaco chegou ao extremo de afirmar que foram a experiência e os conhecimentos adquiridos pelo Dr Mário Soares como Ministro dos Negócios Estrangeiros e como Primeiro Ministro que o habilitaram para o papel de presidente. Aparentemente, toda a vivência do Dr Soares até chegar a Ministro (nomeadamente os tempos na oposição a Salazar e Caetano) de nada valem aos olhos do Dr Cavaco: não são experiência governativa, não são curriculum relevante.
Recorde-se que durante a campanha para as legislativas, o cavalo de batalha do PSD contra Guterres foi a falta de experiência governativa deste (que conduziria o país ao caos)*; em contrapartida, essa experiência sobejava ao Dr Nogueira. Este argumento não colheu junto dos eleitores, e o Dr Nogueira perdeu as eleições.
A campanha do Dr Cavaco parece querer seguir o mesmo caminho.
________________
(*) Sabemos agora (em 2009) que tinha toda a razão: Guterres foi um flop completo como Primeiro Ministro...
Sem comentários:
Enviar um comentário
Comente como se estivesse num albergue espanhol: entra tudo e ninguém é excluído.