Dedico este livro:
- A todos os jovens que pelos mais diversos motivos se deixaram arrebanhar para a guerra de África, esperando cumprir a comissão sem chatices de maior, sem nada de especial terem contra “o inimigo”.
- A todos os que consideraram sua missão regressar sãos e salvos (vivos e inteiros) à Santa Terrinha, mesmo que para isso tenham tido que matar.
- Aos que regressaram da guerra com deficiências físicas ou psíquicas (em particular às vítimas do stress de guerra que tardam a ser reconhecidos e apoiados) a quem o Estado e a Sociedade regateiam o pão e o conforto, furtando-se a assumir as suas responsabilidades.
E também:
- Aos jovens que encararam a guerra como uma missão sagrada e nela combateram, convictos de que defendiam a Pátria, a quem deixo aqui a minha homenagem, mesmo não concordando com eles.
Porém,
- Aos que defenderam a política ultramarina do Estado Novo e pregaram a defesa do Ultramar até à última gota do sangue alheio, já que nela não combateram, aqui lhes deixo o meu imenso desprezo.
Com esta dedicatória começava o livro que há muito tempo queria escrever para dizer de minha justiça sobre a "nossa África" que eu conheci.
Depois de publicar, por volta de 1994, uma colectânea de textos enviados para os jornais, uns publicados, outros não, resolvi, aí pelo virar do século, escrever o livro que trazia meio atravessado e que acabou por ser publicado em 2001.
Acabou por se chamar ANGOLA Recordações da Tropa, e começo agora a transcrevê-lo para este blog, um capítulo por post, pelo que se anuncia desde já o encerramento do blog ao fim de 27 posts, dezanove capítulos e oito anexos, para além deste post de apresentação.
A abertura do blog ocorrerá no dia 19, sexta feira, e assinalará os quatro anos do blog com que comecei a minha vida de blogonauta: o pensarnaodoiaiai.
A gravura da página anterior (no livro) representa o edifício da Alfândega de Benguela. Desconhece-se o seu autor. Foi inicialmente impressa no livro Across África, de Verney Cameron, editado em Londres em 1885 (2ª edição) pela G. Philip & Son. Foi utilizada como capa do livro editado pela União dos Escritores Angolanos “Espontaneidades da Minha Alma (às senhoras africanas)”, de José da Silva Maia Ferreira, que trabalhou neste edifício na primeira metade do século XIX.
A fotografia de capa, reproduzida nesta página, mostra uma estatueta de um seculu com um dos quicos do uniforme nº 3 que usei em Angola. Foi comprada em Luanda muito depois da guerra (a “nossa”) ter acabado, durante o tempo que lá trabalhei como cooperante.
As fotos da contra capa e as que aparecem disseminadas por entre o texto são minhas. As da fase bélica foram tiradas quase todas na região dos Dembos, nos arredores de Quibaxe.
Clique na imagem abaixo para ler o índice
apreciei a dedicatória aos jovens que deram o corpo ao manifesto.
ResponderEliminarmas espero um dia ouvir a "dedicatória" aos que na hora, foram para a França ou mesmo se bandearam para o inimigo.
Atenção que o inimigo para alguns de nós eram uns, para outros de nós não eram os mesmos.
Meu caro Septuagenário,
ResponderEliminarem primeiro lugar informo-o que, como primeiro comentador neste blog, tem direito a um exemplar do livro ANGOLA Recordações da Tropa, com dedicatória do autor e ainda um exemplar do livreco Opinião, colectânea de textos do mesmo autor (o do costume).
Mande-me um endereço postal para marques.correia@netcabo.pt e enviar-lhe-ei os dois livros.
Em segundo lugar, deixe-me que lhe diga que essa de amigo e inimigo não é uma coisda tão linear assim.
Eu tenho para mim que a grande maioria dos desertores (no fundo a malta que nos governa e que se governa desde a abrilada, a de 1974) bazou por miúfa, que camuflou com patacoadas políticas.
Mas há muita malta que bazou mesmo por idealismo, por repudiar a opressão a que os povos das colónias estavam sujeitos desde as descobertas.
Em particular, os tipos que assumiram a sua oposição antes do 25 de Abril e se mantiveram cá dentro a lutar contra o regime do Salazar merecem o meu respeito. Mesmo sabendo que muitos deles acabaram por cavar para o estrangeiro, mesmo sabendo que muitos deles apenas queriam substituir o regime do Salazar por outro, porventura muito mais opressivo, seguindo a Sóvia como modelo.
E não tenha dúvidas, caro Septuagenário, que na opressão colonial colaboraram todos os que "lá" estiveram, eu seria hipócrita se dissesse que não colaborei, por muito que tenha escrito contra, que tenha "educado" os meus soldados sobre o que era a guerra de África. Estive lá, não cavei: portanto, colaborei activamente com o regime.
Contra isso, batatas!
A opressão colonial começou ( no caso de Angola) provavelmente no dia em que o padrão dos descobrimentos foi colocado na foz do Zaire. Até porque os africanos ficaram logo encantados com as lojas dos trezentos dos brancos.
ResponderEliminarAgora, quando a grande maioria dos portugueses relaciona, como José A. Correia faz, quase que colonialismo fosse uma invenção salazarista, aí é que historicamente muita coisa fica baralhada.
Embora eu sou de opinião que a única colónia que deviamos ter era a Ilha do Tarrafal, para lá pôr nossos banqueiros de hoje. E a Madeira já devia ter ido a referendo.
Pessoalmente, fui colonialista em Angola, Brasil, Guiné, Madeira. 40 anos a fazer a vidinha.
Obrigado pela oferta dos livros, mas ainda ter a despeza do correio é demais. Se me informar de um livraria onde os possa adquirir fico agradecido na mesma.
Caro Septuagenário,
ResponderEliminaros livros não estão à venda e terei todo o gosto en enviá-los paea um endereço que me indicar.
ah! andava com a escrita atrasada...atão é este menino que conheceu o meu saudoso professor!
ResponderEliminarCaro Sr. José António Marques Correia:
ResponderEliminarSou um modesto pesquisador de assuntos relacionados com o ex-Ultramar português, a colonização e a guerra colonial. Gostaria de saber como posso adquirir um exemplar do seu livro, que acho interessantissimo. Já tentem imprir algum do material para guardar como pesquisa. Fico desde já grato pela atenção dispensasda. Cumprimentos.
Casimiro Serra - casimiro.serra@hotmail.com
'ANGOLA Recordações da Tropa'
voce nao era cooperante na taag
ResponderEliminarAndaste la a roubar os angolanos agora ja es progressista
Continua a lamber as botas do Batalha agora na euroatlantic.
Ó sorte malvada!
ResponderEliminarAinda não tinha visto o comentário deste anónimo que, escondendo-se atrás do anonimato, atira merda para cima do parceiro.
Reparando no modo como escreve, como conjuga os verbos, "Você...", "andaste...", "Continua...", huuuumm: és angolano, meu irmão, ressabiado, invejoso e cobardolas...
Assim vais moreeeeer.
Eheheheheheheheheheheh!
Anónimo cobardolas,
ResponderEliminarSe o Manel Dias não tivesse morrido, esse grandecíssimo racista, diria que tu és ele...