Depois de 18 anos de colaboração com a Apoiar, na mesa da Assembleia Geral, Conselho Fiscal e direção do jornal, regressei à minha condição de simplesmente associado.
Não tenho nada contra a nova Direção, que tomou posse em Abril, mas a verdade é que só conheço o Presidente, o Jorge Gouveia, não tive qualquer envolvimento com esta lista (nem com outra, que não houve) e já vinha perdendo o contacto com a Apoiar desde há uns tempos largos.
Vou ter pena de deixar de escrever os editoriais, alguns dos quais me deram bastante prazer. Como o último, que aqui vos deixo:
"VIVA O 25 DE ABRIL!!! VIVA A RESTAURAÇÃO DA DEMOCRACIA REPRESENTATIVA!!! VIVA A LIBERDADE!!!
Quando este jornal chegar aos leitores, o
25 de Abril estará muito próximo e as comemorações dos 40 anos da “Revolução”
estarão, certamente, perto do auge. Os capitães de Abril mais mediáticos já
terão, presumivelmente, decidido se voltam a boicotar as comemorações oficiais,
se vão estar na AR desde que permitam que o “capitão” Lourenço discurse ou se
estarão presentes mesmo que não lhes seja dada a palavra. O folclore do
costume...
Muito se terá escrito sobre se o que se
comemora é a reposição da democracia representativa, se se chora o falhanço da
“Revolução”, tão promissora nos meses que se seguiram ao 25 de Abril ou se, de
forma genérica, se lamenta que as “conquistas de Abril” não tenham sido
aprofundadas e hoje as desigualdades se tenham agravado e o sol radioso dos
amanhãs que cantam pareça um tanto distante ou, pelo menos, envolto em núvens.
Quarenta anos depois, toda a gente se
habituou, como coisa natural, às liberdades, direitos e garantias que o novo
regime trouxe. Aos deveres nem tanto, mas isso é outra conversa...
À parte a lenda, entretanto tecida
laboriosamente, no 25 de Abril de 1974 foi deposto quase sem derramamento de sangue
um regime que durou quase cinquenta anos, opressivo, retrógrado, com um
nacionalismo de sacristia & subúrbio mas que sabia puxar da espada, do
cassetete e da pistola quando se sentia ameaçado.
Em seu lugar ... bem em seu lugar não era
pacífico o que se iria instalar uma vez que os militares pouca ou nenhuma
preparação política traziam da guerra e da caserna (salvo um pequenino grupo) e
na sociedade civil havia dois grupos inconciliáveis e opostos. Portanto, o que
ia sair dali era tudo menos certo.
O grupo do PCP, coeso, bem organizado e
implantado praticamente em todo o País, não tinha quaisquer dúvidas ou
hesitações sobre o modelo de sociedade que queria (tipo URSS a falar português)
e começou no próprio dia 25 a “mexer-se” para o conseguir, levando tudo à frente.
Identificavam como “fascista” todos os que duvidassem da sua “fé” e
açulavam-lhes os seus cães de fila que, muitas vezes, era a populaça arrebanhada, frustrada
por anos e anos a refilar para dentro.
O outro grupo que, em boa verdade, não era
um grupo mas uma constelação difusa de grupúsculos e de indivíduos
(“personalidades”...), mais tarde agrupados em movimentos e partidos, para quem
o modelo a seguir era qualquer coisa entre uma democracia cristã (então ainda
na moda) e uma social democracia ou socialismo de cariz democrático, despido,
pois, das suas características mais polémicas (a luta de classes, a reforma
agrária e outras formas de esbulho das liberdades e da propriedade privada).
Como não podia deixar de ser o grupo do
PCP levou vantagem de início e conseguiu minar as estruturas do nascente,
incipiente e ingénuo MFA a ponto que conseguir expulsar, prender ou afugentar
os odiados capitalistas, nacionalizar meio País, ocupar e nacionalizar (ou
coletivizar) grandes herdades, umas mais abandonadas que outras, outras
claramente não abandonadas pelos proprietários. Como cereja no topo do bolo,
conseguiu, mau grado os seus 17% de votos (contando os do PCP, do MDP/CDE e da
UDP) impor uma constituição enviezada e fortemente ideológica que deu cobertura
a todo esse forrobodó e pintou de vermelho a economia (e não só...) até,
praticamente, aos nossos dias.
Valeu-nos quem? Valeu-nos o grupo central
dos que fizeram o 25 de Abril, os mais moderados, que não se deixaram levar
pelo canto das sereias vermelhas que anunciavam os amanhãs que cantam (como se
deixaram levar o impagável Otelo e o “companheiro” Vasco; o tipo da 5ª divisão
era ele próprio uma sereia vermelha cantante...) e reagiram em torno de um
grupo, o “grupo dos 9”, e a sociedade civil, onde Mário Soares desempenhou o
seu papel mais meritório, que se foi lentamente organizando e repudiando o PCP
e os militares ditos “revolucionários”.
E assim, com uma transição tutelada pelo
Conselho da Revolução, o País emergiu quase incólume do período revolucionário (o famigerado PREC)
para fazer as reprivatizações, a limpeza da Constituição, entrar para a então
CEE e começar, finalmente, a proporcionar aos seus habitantes mais que palavras
& ideologia: bens de consumo, bem estar, um futuro mais ou menos seguro.
Tudo isto a duras penas, com as
organizações de esquerda (detentoras, como é sabido, de toda a verdade, da razão, da
solidariedade e da compaixão!) a disputarem ao centímetro qualquer alteração na
Constituição e nas leis, alterações sempre tidas como retrocessos
civilizacionais intoleráveis e medidas cavilosas no sentido de tirar aos pobres
para dar aos ricos.
Posto isto, por que raio não nos deixamos
de valorizar estas comemorações magnas como se a liberdade não estivesse mais
que consolidada, a democracia representativa mais que assumida por quem está hoje
nos seus 40’s e nunca conheceu o tal “fascismo” de que lhe falam os pais, com o
habitual exagero que traz o acumular de anos sobre as coisas velhas?
Miguel Sousa Tavares dizia a respeito do
25 de Abril, numa das suas crónicas dominicais no Expresso, que não é dos
ideais de Abril que Portugal tem falta, que “esses estão cumpridos e não há nada
mais triste do que ficar a celebrar eternamente apenas um dia na vida de uma
nação” como se os outros não tivessem nada que celebrar.
Realmente, o 1º de Dezembro – a
restauração da independência – parece ser, de longe mais importante que o 25 de
Abril. Só que o 25 de Abril ainda tem vivos e atuantes os seus principais
artífices que alimentam o culto de si próprios com persistência e indignam-se
com veemência e estrondo ao menor sinal de declínio do culto aos “heróicos
capitães de Abril” – eles mesmos.
Quando, afinal, a sua maior glória é,
precisamente, as gerações jovens nem sequer imaginarem um Portugal sem democracia
e sem liberdade.
Essa, sim! Essa é a GRANDE CONQUISTA DE
ABRIL"
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