Passa hoje mais um ano sobre o massacre de Wiriyamu, um dos poucos verdadeiros massacres que ocorreram durante a guerra colonial ou que a precederam.
Veja mais aqui.
Pidjiguiti, Cassange, Mueda, Wiriyamu
(este link leva-os ao post de um blog ao qual um comentador, historiador, junta a descrição mais completa que já li sobre Wiriyamu, de forma objetiva e despojada da adjetivação exuberante que nestes casos torna difícil e chata a leitura).
Não obstante os desmentidos ao longo dos anos - e Brandão Ferreira é um dos negacionistas de serviço, como não podia deixar de ser, leia aqui - o alferes Antonino, comandante da companhia que esteve envolvida no massacre, a 6ª companhia de comandos, teve o gesto raro que o confirmou, se de confirmação necessitasse.
O alferes Antonino, então muito jovem e sem experiência militar relevante, comandava interinamente a companhia quando foi destacado para fazer a limpeza da zona em que se situavam três aldeias, uma das quais Wiriyamu. Nos anos 90, deslocou-se a Moçambique, ao local do massacre e falou com sobreviventes e familiares dos massacrados e, humildemente, pediu desculpa.
A atitude dos moçambicanos foi tão nobre como a dele: ampararam a sua comoção e desculparam-no com a guerra que se resume a matarem-se uns aos outros, mas que felizmente acabou.
Esta atitude de Antonino é raríssima: se lerem os sites de antigos combatentes e de comandos e as entrevistas que foram dando ao longo dos anos, encontrarão a prosápia do "cumprimento de ordens" (já o Eichman se defendeu com elas...), do "matar para não ser morto" (mesmo quando as vítimas eram apenas velhos, mulheres e crianças - todos desarmados) e por aí fora.
Assumir a nossa História é também assumir o mal que fizemos, o sofrimento que provocámos, as mortes de inocentes que causamos.
E lamentarmos esses "feitos"...
Assumir a nossa História é também assumir o mal que fizemos, o sofrimento que provocámos, as mortes de inocentes que causamos.
E lamentarmos esses "feitos"...